domingo, 11 de março de 2012

ABRINDO O LEQUE...

Passado o primeiro impacto de estar em contato com algo que desejava fazer há algum tempo, a dança cigana tem se revelado um canal por onde a minha criatividade corre livre, leve e solta. Mas não confunda. Não estou dizendo que ela seja um “faça qualquer coisa”. Existe sim uma estrutura, uma linguagem que é dela e que precisa ser apreendida se você quiser ser uma ‘Gytana’.

Na dança cigana não existem muitas regras fechadas quanto à ordem dos movimentos. Isso porque a natureza da dança cigana é livre, como seu povo. Repare… A gente não vê cigano indo para uma escola de dança cigana aprender a dançar. Ele aprende com sua família, com os mais velhos, nas festas… Cada um dança a seu modo, segundo a sua personalidade. Isso fica nítido ao vê-los dançar. É, sem dúvida alguma, uma dança onde você se revela totalmente. (hum… Isso pode assustar! rsrsrs).

O Povo Cigano utiliza a música como uma forma de se aproximar de Deus, por isso, quando estão tristes ou alegres, recorrem à magia da dança para harmonizarem suas vibrações. E é através dela, que são abertos os portais que ligam o mundo espiritual ao material.

A dança é a magia, e a alegria desse povo, o mistério através dos passos e movimentos que saúdam, invocam e fazem fluir a mais bela e elevada vibração energética! De forma ritualística esta dança pode ser usada para desenvolver a intuição, sensualidade, coragem, desbloquear as energias negativas, aguçar a percepção corporal, emocional e espiritual… Onde o ritmo, movimento e beleza da dança acontecem e fluem de forma harmônica, unidos na música e na dança.

Por isso, não espere semelhança quando assistir ao bailado de diferentes clãs, pois a dança de um é completamente diferente da realizada pelo outro. Mas uma coisa não muda: ela tem o poder de envolver o coração e a alma de todos os que participam, seja dançando ou assistindo.

O barulho das moedas e pedras também tocam música no ritmo do rodopiar da cigana, as palmas e ralhos a envolvem e alimentam sua arte, que em forma de oração saúda os presentes na comunhão do sagrado e da alegria.

“O ar, o fogo, a terra, a água, o éter (5º elemento para o povo cigano) e por fim, nós mesmos, como parte importante em toda essa energia!

Cada coreografia tem seu significado mágico e cultural em que são usados alguns instrumentos para essa representação, por exemplo:

Dança do leque: Dança do elemento ar que representa o amor, a sensualidade e a limpeza, representa sedução, romantismo e poder.

Dança da rosa: Elemento terra. Representa o amor, a beleza, a conquista, sedução e a sensualidade. A rosa é a beleza interior e a beleza exterior.

Dança das fitas coloridas: Elemento água representa as lágrimas de alegria e tristeza derrubadas pelo povo Cigano. Não lamento, mas também a comemoração. Representa a limpeza, alegria e infantilidade.

Dança do véu: representa o elemento ar e expressa a leveza do corpo e a sensualidade.

Dança das tochas: Mostra a fúria e o poder do fogo através das tochas acesas que reverenciam este elemento. Representa a purificação e a limpeza pelo fogo.

Dança do pandeiro: Dança dos quatro elementos, denota a alegria e sugere uma festa. Serve também para purificar o ambiente.

Dança do punhal: Elementos ar e terra. Significa lutas, disputas, fúria e pode simbolizar a limpeza do ambiente e do corpo. Representa o corte, a força e a limpeza.

Dança com echarpe ou lenço: Representa união, casamento e amor. O lenço também é utilizado para a prova da virgindade.

SAIA: Representa toda a força cigana, a sedução, respeito e alegria e quanto mais rodada a saia, maior é a sua força. Bater a saia é limpar, ordenar ou mesmo harmonizar as energias que estão desequilibradas. A saia guarda o nosso útero que ser mãe é uma dádiva divina.

Bater Palmas: Bater palmas é um ato para saudar as alegrias da vida e chamar os espíritos dos antepassados, sempre com o ritmo da música.

Dobrar os Joelhos no Ar: É sinal de respeito com os elementais do ar e da terra através da graciosidade. Quando se dobra o joelho de uma perna no ar e esta perna volta para o chão, significa a ligação dos elementais do ar com os elementais da terra.


A graça está em cada pessoa ouvir a voz do seu coração e permitir que se conduza levemente, tranquilamente, pois só dessa maneira, cada um que se propõe a estudar a dança cigana, consegue sentir sua alma.

- No entanto, nessa liberdade toda mora um porém. É muito fácil colocar uma saia e sair rodando por ai. O difícil é colocar um sentido nisso tudo. Aí eu digo que precisa estudar sim, se quer fazer bonito.

Aí usamos e abusamos de giros e "joelhadas estratégicas" rs, que fazem o grande segredo da Dança Cigana! Aliás, é uma dança cheia de "segredinhos", que fazem toda a diferença... É muito gostoso aprender tudo isso, qual a hora de jogar, como pegar, como chamar a atenção pra determinada parte do corpo... É lindo. Aliás, saber jogar com a saia, faz uma dança rica, bonita, diferente e interessante de assistir. Um verdadeiro "Feitiço Cigano" hahaha..

Para estes povos os movimentos circulares dos braços significam:

· A feminilidade; a busca dos elementais do ar;

· A força feminina que agradece os benefícios do ar;

· Gratidão pelo oxigênio que respiramos;

· Alem de ser um ritual de purificação da aura e um diálogo místico com outra dimensão.

A dança cigana parece fácil. Quem vê, pensa que é um simples movimento de saias. De maneira alguma. As mãos e os braços possuem papel fundamental na dança. A primeira coisa que aprendemos é o movimento das mãos. É difícil explicar em palavras, mas é o “dar e receber”, mostramos a palma da mão para o público, mostramos a palma da mão de volta para nós.


Espero ter conseguido passar tudo que sinto em relação á essa magia de sentimentos que se encontra dentro de mim...

E agradeço aos meus protetores Espirituais ao Cigano Pablo e Cigana Sarita por estarem sempre me protegendo e me guiando nessa minha estrada da vida!

OPTCHÁ!


Devemos agradecer aos ciganos pela sua dança que nos proporciona tantos benefícios e esperar que a sociedade respeite e valorize este povo, que ainda hoje é discriminado, mas que tem muito a nos ensinar sobre o amor à família, respeito aos idosos, convivência pacífica com a natureza e celebração à vida!




CRÉDITOS: PATRICIA
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL